Jerre Aventura - Viagem a Ametista do Sul / RS a cidade que brilha.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Queria começar o ano diferente, fazer a virada 2010/2011 bem ao estilo de estradeiro, ou seja, na estrada. Com este pensamento atravessei o estado do RS a partir de Porto Alegre em direção a Ametista do Sul/RS situada na região do médio alto Uruguai distante 450 km da capital e a uma altitude de 505m.

Dia 31/12/2010, em torno das 05h40minhs já estávamos saindo de Porto Alegre/RS via BR 386. Horário tranquilo, ótimo para rodar, apesar de ser um dia que todos se dirigem para algum local e fazer a festa da virada, ficando raramente em casa.

O sol com seus raios dourados despontando no horizonte a nossas costas e tudo indicando que seria um dia excelente fomos curtindo a estrada.
Parada para um cafezinho da manhã já em Marcelino Ramos/RS e relaxar um pouco. Somente neste momento um pequeno movimento nas estradas. Eventualmente uma paradinha, como o caso já em Soledade/RS, quiosques de beira de estrada, tapeçarias entre outros chamariscos para os viajantes.

Com a temperatura alta, paramos para o almoço em Sarandi/RS. Comentei “paramos” por que a patroa acompanhou. Entramos na cidade. Aquela calmaria tradicional de interior e arrumamos um local para almoço bem no centro da cidade.
Após continuamos a tocada e cada vez menos movimento na estrada. Quem pega a estrada sabe que tranquilidade é rodar assim e curtindo os campos, e muitos, e soja, até onde a vista alcançava, muitas plantações.
Já próximo a Planalto/RS, passamos pela reserva indígena Kaingang e Guarani. Ao longo da estrada se avista o “Centro Cultural Kanhgág Jãre”. Não paramos, apenas uma espiada de longe.

Chegamos a Ametista do Sul/RS já em torno das 15hs no Hotel das Pedras e fomos recebidos pela Rejane, muito bem recebidos, aliás, nos trataram maravilhosamente em nossa estada na cidade.

Hotel das Pedras – o único hotel temático em pedras preciosas que existe no Brasil.
Em cada detalhe, cuidadosamente elaborados, peças extraídas nos garimpos se fundem a decoração, madeira, aço e concreto. Uma peça única, entre tantas que existem nesta cidade.
Acesse o site e confira os detalhes ricamente elaborados.
www.hoteldaspedras.com.br

Ametista do Sul/RS
Terra que tem como padroeiro o Arcanjo São Gabriel e pedras preciosas e semipreciosas, como a Ametista (aqui está a maior jazida do mundo), Topázio, Ágata entre outras.
A cidade teve sua origem na década de 1940 e a mineração iniciou-se por acaso.
Caçadores e agricultores começaram a encontrar pedras nas raízes das arvores, rios e quando lavravam a terra.
Mas foi no ano de 1972 que realmente o garimpo chegou ao seu auge em termos de produção. Começaram a ser feito na forma de túneis e hoje existindo alguns com profundidade de em torno de 800m.

Visitas Obrigatórias
Após deixarmos nossas bagagens, começamos nosso tour pela cidade.

Ametista Parque Museu – Único do gênero no Brasil, com um acervo de 1000 exemplares de pedras preciosas em sua grande maioria retirados dos garimpos da região. Há peças como um geodo de 2500 kg de ametista em seu interior.
Pedras únicas em peso e valor são encontradas neste museu.
Após a visitação, tens a oportunidade de percorrer no subsolo do próprio museu túneis, um verdadeiro labirinto. Os cristais nos locais onde se formaram, geodos de ametistas, ferramentais que são utilizados, tudo isso sempre acompanhado por uma guia que vai descrevendo cada detalhe e tirando suas dúvidas.

Vinhos - Uma das novas riquezas da região. Durante o tour pelos tuneis do Ametista Parque Museu uma sala chama a atenção, escura, em seu interior, a uma temperatura de 18ºC repousam cuidadosamente empilhadas varias garrafas de vinho.
As características de clima da região estão permitindo uma safra de até dois meses antes do normal de nossa região de vinícolas. Está maneira de envelhecer o vinho em minas poderá se tornar uma característica da região, sua marca registrada para alguns vinhos.
O interessante é que o resultado pode ser conferido por apreciadores, pois também esta a venda no próprio museu.

Quanto à visitação aos tuneis, sem problemas, são bem iluminados, altos, ventilados, nivelados e largos. Após o Tour a saída já é direto na loja do museu. Pedras preciosas, artesanatos e jóias, um verdadeiro paraíso aos apreciadores destes cristais. É difícil resistir aos encantos das pedras em seus vários formatos.

Retornamos ao hotel e fomos relaxar um pouco. Fomos brindados com o convite de Rejane para passarmos a virada com ela e seus familiares no aconchego da beira da piscina, convite que prontamente aceitamos. Com uma temperatura agradável e conversas mais agradáveis ainda, esperamos a meia noite. Muitos fogos, e caramba, muitos. O céu de Ametista se iluminou e brindou a chegada de 2011.
“Meus sinceros agradecimentos a Rejane e sua família pela acolhida nesta data tão especial.”

Primeiro de janeiro de 2011, acordar tarde e com muita preguiça após as festividades da noite anterior, seria isso o normal?
Pois é, nós, às 8hs já estávamos tomando nosso café da manhã e nos aprontando para percorrer 90 km até o município de Derrubadas/RS e já distante 498 km de Porto Alegre/RS na divisa com Santa Catarina e com a Argentina as margens do Rio Uruguai.
Tem um trecho de estrada de chão batido nos 16 km que separam Ametista de Frederico Westffalen, mas em bom estado. Após o asfalto é ótimo e você vai deixando para trás pequenos municípios como Vista Alegre, Palmitinhos até chegar à rótula de Tenente Portela/RS, onde você toma o rumo a Derrubadas/RS, ai novamente, 9 km de chão batido acascalhado. Estão preparando a estrada para receber o asfalto.

Salto do Yucumã – o município de Derrubadas/RS conta com uma população de em torno de 3700 habitantes e a maioria descendente de alemães e italianos. No município se encontra o Parque Estadual do Turvo, primeiro parque criado no estado, 1947, e nele se encontra o Salto do Yucumã.
Chegamos já por volta das 11hs, e após adquirir os ingressos ao parque, fomos fazer um lanche.
Praticamente zero o movimento nas ruas do município, somente os turistas se dirigindo ao parque. Não se esqueça de comprar seu acesso ao parque. Há vários lembretes indicando onde deve ser adquiridos.

Salto do Yucumã
Uma queda d’agua com 1.800m de extensão e em alguns pontos 20m de altura com uma profundidade variável de 90 a 120m. É a maior queda d’agua longitudinal do mundo e uma das sete maravilhas do estado do RS.
Na Reserva encontram-se onças pintadas, pumas, antas entre outros de nossa fauna, hoje ameaçadas de extinção.

Da entrada do Parque ao Salto do Yucumã se faz 16 km por uma estrada de chão batido em meio à floresta. Estreita, para um veiculo somente. No final da mesma abre uma clareira, com churrasqueiras e banheiros. É possível fazer o seu churrasquinho lá, mas não acampar. Há também um posto de guardas florestais no local, muito atenciosos por sinal. Mais 300m de caminhada por uma trilha de fácil acesso e você já esta na beira do Rio Uruguai, do outro lado, Porto Soberbo, Argentina.

O rio estava cheio, o que fazia ter apenas uma queda d’agua de no máximo uns 5m. Enquanto estávamos por lá curtindo, botes com turistas pelo rio. É possível ir até Porto Soberbo na Argentina e contratar este serviço. Confesso que fiquei com muita vontade de fazer isso. O tempo começou a fechar, sinal que iria dar uma pancada de chuva.

Aviso de extrema importância:
Em alguns pontos desta estrada dentro do parque é chão argiloso (em torno de 3 km na entrada do parque), vermelho, extremamente escorregadio, quando seco, parece asfalto. Em caso de chuvas, intransitável para motocicletas que não tem para lamas altos, caso das trails.
No restante da estrada existe uma camada de brita, o que deveria ser feito neste trecho também e problema resolvido, simples.
Pois é, neste momento, travou tudo, a roda dianteira trancou, tinha que retirar o barro e andar mais um pouco. Além disso, não havia condições de garupa. Mara teve que fazer a pé uma boa parte do percurso. Carros que também começaram a sair no momento saiam de lado, com muita dificuldade. Neste momento chegam mais duas motocicletas no mesmo ponto, e trava tudo. Solução: tiramos os paralamas dianteiros das mesmas para poder seguir em frente, e assim mesmo com muita dificuldade. Extremamente pegajoso, grudava e não saia, muito difícil de tirar. Eles vinham com um carro atrás, com familiares, que inclusive deram carona para Mara. Esta turma é de Lindolfo Collor/RS.
O ano já começou comprovando:
“Existe o verdadeiro espirito de aventura e cordialidade nos amantes das rodas ainda.”

Esta aventura toda nos atrasou ao retorno a Ametista do Sul/RS. Fomos chegar somente às 21hs. E sem rodeios, cama.
Começamos o domingo (02/01) já com visitações pela cidade. Há somente três quadras do hotel já existe a praça central e suas atrações:

Igreja São Gabriel – A temática da Igreja também é baseada na ametista, 40 toneladas, tanto da própria pedra como em geodos. Uma imagem já na entrada a esquerda chama a atenção. Santo Antonio, veio direto de Roma. A própria pia batismal, única no mundo esculpida em um geodo de 500 kg de ametista. Altar, tudo, para onde você olhar irá encontrar um detalhe em pedra ametista ou algum outro cristal.

Pirâmide Esotérica - No formato de uma ponta de ametista e internamente revestida da pedra, local onde impera o misticismo, com espaço para meditação.

Após as visitações, aquela fome já se anunciando.

Churrascaria e Restaurante Macaã
Fone – 0xx55-3752-1109/ 55- 9626- 0602
Bem próximo ao hotel também. Sabe aquele tempero caseiro?
Não preciso falar mais nada.
O resto do dia, descanso, pois na segunda, vamos novamente para a estrada.

Segunda feira, dia 03/01, 9hs, após aquele café da manhã e alguns ajustes na moto na Oficina do Magrão, vizinho ao hotel, rumamos para Passo Fundo/RS.

Nosso retorno seria pela serra. E já tínhamos marcado com Clayton pai e filho, além de Tony, que iriamos passar uma noite com eles em Passo Fundo/RS, jogando conversa fora. Tínhamos nos conhecido em uma das edições do Via Porto Moto Turismo, projeto da revenda Honda em Porto Alegre/RS que coordeno e onde me foi feito o convite para visitá-los.
Meio dia: já estávamos na cidade almoçando com eles, além da esposa e a filha do Sr. Clayton.
Mas ainda não era o destino.
Já eram em torno das 14hs e estávamos chegando ao Balneário Cachoeira.
www.balneariocachoeira.com.br

O sol ainda estava dando as caras e com muito calor, digo isso, pois neste mesmo dia fechou tudo e deu pequenas pancadas da d`água. Aproveitamos para relaxar, bem ao lado de uma bela cachoeira que existe no camping. No finzinho da tarde, chega o resto da turma. Carne na churrasqueira e aquela bomba d’agua de verão.
Com tudo isso só fomos dormir pela meia noite e amanhã tem estrada novamente.

Já atrasados, pois já eram 9hs, e não tem como, pois a acolhida a nós foi excelente, nos despedimos e fomos fazer o restante do trajeto até Porto Alegre/RS.
Clayton e família, valeu!
Faltavam somente 300 km e queríamos fazer com calma e várias paradas.
Marau/RS, Nova Bassano/RS, Nova Prata/RS e por fim Veranópolis/RS.
Almoçamos no Parada 99, com uma belíssima visão do vale onde corre o Rio das Antas. Em uma curva sem muito alarde fica este paradouro, sensacional.
Após paradas e paradas, chegamos em casa após 1210 km.
A energia positiva que encontrei na cidade de Ametista do Sul/RS é o que desejo para 2011 a cada um de vocês.

E lembrando sempre:
"A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”
(José Saramago)

Confira os melhores momentos dessa aventura:



0 comentários:

Postar um comentário

Deixar um comentário com sua opinião!

  © 2009 Revista Extreme.com - O mundo sobre duas rodas - Todos os direitos reservados.

Voltar ao TOPO  

Web Analytics