Viagem Teste com Honda CB 300R. Jerre Rocha testa a moto em diferentes pisos.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Todos estão acostumados a verem matérias minhas a respeito de mototurismo mas, entre os e-mails que recebo relacionados ao turismo, sempre há comentários a respeito de motos, que eu acho a respeito de determinados modelos, como andam, etc. Pois bem, vou começar sempre que possível relatar o comportamento de motos que eu venha a utilizar durante os tours que fizer ou mesmo nas viagens.
Mas sempre em uso como você, no dia a dia, nas estradas, sozinho ou carregada com garupa e alforjes, muitas vezes chegando ao limite da mesma. Me proponho analisar sob uma ótica um pouco diferente, que vocês irão se familiarizar no relato a seguir.
A Honda CB 300R
Esta motocicleta já esta a um ano no mercado, causou sensação no seu lançamento, ao substituir a CBX 250 Twister, mas passado este tempo, como estará rodando agora, com alguns quilômetros de vida?
A CB 300R que utilizei já estava com 11.976 km, portanto, já bem amaciada, pneu traseiro já no fim da vida útil, e o dianteiro ainda iria longe. Retornou a revenda com 14.122 km. Tendo rodado 2.146 km no período de seis dias.
Rodou 90% desta quilometragem com garupa e pelo menos 80% com alforjes laterais. Pelo manual de proprietário a capacidade de carga recomendada da motocicleta é de 179 kg, porém, carreguei com 215 kg aproximadamente. No percurso havia grandes retas, curvas longas, curtas, chão batido, inclusive barro.
Utilizei a moto para puxar o Tour da Via Porto Honda (que a cedeu para o teste) de Porto Alegre/RS a Serra do Rio do Rastro/SC (nos dias 29/30 maio) com 886 km percorridos no total (ida e volta). Mais 1.260 km nos dias 3, 4, 5 e 6 junho. Sendo eu, garupa e alforjes. O destino, a cidade de Urubici/SC, na serra catarinense e retornando pelo litoral (BR 101).
Números:
2.146 km rodados
Consumo entre 24,2 a 26,75 km/l
Velocidade final 140 km
Velocidade de cruzeiro 100/110 km/h
Detalhes do percurso
29/30 maio 2010 - 886 km
Utilizei ela para puxar o Tour da Via Porto Honda de Porto Alegre/RS a Serra do Rio do Rastro/SC (29/30 maio), 886 km percorridos no total. Motos de 250 a 1100 cilindrada participaram.
Velocidade utilizada é 100 km nas estradas.
No primeiro percurso (Porto Alegre/ Torres-RS) com velocidade constante de 100 km, piloto/garupa/alforges o consumo dela ficou nos 24,2 km/l.
Retirei alforges laterais, novo percurso misto de 216,7 km, velocidade de 40 km à 100 km, consumo de 26,75 km/l. Neste trajeto e com o tour, vou simplificar minhas observações pelo fato de estar sempre focado no grupo que eu conduzia.
“Sempre na mão, com poucas trocas de marchas”
1.260 km (3,4,5,6 junho)
Eu, garupa, alforges cheios. O destino era a cidade de Urubici/SC, na serra catarinense e retornando pelo litoral( Br 101).
O percurso tinha tudo que eu queria. Curvas longas, curtas, chão batido, barro.
- Porto Alegre/São Francisco de Paula/Bom Jesus/ Vacaria - RS
- Km percorridos - 331 km
- Consumo- 25,22 km/l
Este trecho é bem misto, Porto Alegre/Taquara-RS, velocidade se mantendo sempre entre 80/100 km.
Taquara/ São Francisco de Paula-RS são 40 km de subida e muitas curvas. Mesmo com carga total sobe tranquila, firme nas curvas, câmbio quase não é exigido. Em um momento da subida um caminhão carregado vai trancando todo o trânsito, e como a estrada é simples, eu e mais pelo menos uns seis carros atrás, em procissão. Quando abre o espaço, torço o cabo, e ela ronca grosso e despacha todos. Vigorosa.
Entre São Francisco de Paula e Bom Jesus/RS, trechos planos, curvas longas e uma pequena serra com um trecho de 8 km de chão batido seco. Anda tranquila mesmo neste tipo de piso.
Bom Jesus a Vacaria/RS o asfalto é bom, com curvas longas, 60 km. Levei a CB 300 neste trecho sempre entre 100/ 120 km, apenas em pequenos trechos é necessário a diminuição por cruzamentos e vilas. Mesmo carregada, não reclama. Quinta marcha quase que em 100% desta quilometragem. Gostei muito do torque dela, basta apenas torcer o cabo que ela responde, sem reduções, suspensão firme.
- Vacaria/ Lages/São Joaquim/Urubici-SC
- Km percorridos - 284 km
- Consumo - 26,56 km/l
De Vacaria/RS a Lages/SC a estrada não é lá estas coisas, caminhões e carretas fazem parte deste trecho, então velocidade oscila bastante entre 80/120 km, novamente motor ronca grosso.
Lages a São Joaquim/ SC a noite vem chegando e com ela chuva, mas a moto anda bem na chuva, apesar do pneu trazeiro da 300cc estar chegando ao fim da vida útil, contando que eu conduzia também em um ritmo de segurança, aliás, todos naquela região. O ritmo agora está na casa dos 80 km, veículos, alguns caminhões, chuva e noite.
Entre São Joaquim e Urubici/SC, eu ia rodando e já prevendo que ia piorar, pois é uma região de neblina, e piorou. Em São Joaquim a chuva praticamente tinha cessado, deu uma folga somente para atravessar a cidade, mas já na saída, chuva, muitas curvas e mais 75 km de tocada noturna.
Mas foi só pegar o acesso com os últimos 40 km até Urubici/SC, muita neblina fez com que eu rodasse a uma velocidade de 30 km e a raras vezes a uns 50 km horários.
Bem vindo o novo farol, com lâmpada mais potente (55/60W), faz muita diferença e com foco bem concentrado. Este trecho me desgastou muito, tanto pela distância que eu já tinha percorrido (550 km), com paradas para fotos e com últimos quilômetros como estes eu só conseguia pensar em chegar na hospedagem.
Esta cidade (Urubici/SC) é ótima para quem aprecia aventuras, eco turismo. Hospedagens na cidade não é problema, para todos os gostos e bolsos.
Foi só chegar na cidade que acabou a neblina, neste momento eu já estava começando a relaxar. Mas tinha uma pequeno trecho com surpresas. A estrada para a hospedagem é a mesma que vai para a Serra do Corvo Branco, passa em frente a hospedagem. Estão trabalhando no seu asfaltamento.
Então nos últimos 400m o chão batido virou um sabão.
Ia rodando com a CB 300 em 1º marcha na lenta, a moto carregada, nós cansados. Em determinados momentos apenas sentia o pneu sair de lado, bem devagarinho, deslizando. E aconteceu algo que nunca tinha me acontecido até então:
saiu de lado novamente bem devagar, soltei o acelerador e coloquei os pés no chão, mal tocando no freio. Loucura, ela continuou deslizando com meus pés no chão, deslizando junto.
Parou devagar, eu pensando: Bahhh, vou cair justo agora, aqui, na chegada??? Esta é para rir: Falei para a patroa:
“Pode respirar, mas se tu espirrar nós caímos.”
Conseguimos chegar ilesos.
Bom, para não fugir a regra, vou deixar aqui uma dica de hospedagem rural, la em Urubici/SC:
Site: www.urubici-sc.com.br/nsg
E-mail: hospedagem@twc.com.br
Aquele banho quente, e fomos comer uma feijoada com a turma que faz trilhas na cidade.
Na sexta- feira (04/06) rodamos pela cidade, muito pouco é claro, pois a chuva não deu trégua. Aproveitamos para curtir na hospedagem.
Sábado (05/06) partimos logo após o café da manhã. Dia claro, mas somente ate a saída da cidade, e novamente, os 40 km do acesso a Urubici/SC foram feitos com chuva. Mas desta vez deu para manter a tocada na estrada. Mas a partir da Serra do Rio do Rastro até Içara/SC, trecho misto, com velocidades variando sempre entre 40 km e 110 km, o consumo sempre se manteu nas mesmas médias.
Após Içara/SC até Passo de Torres/SC, já na divisa de SC e RS peguei a BR-101 com alguns trechos com desvios pelas obras, mas no restante mantive sempre 100/110 km com alguns picos de 120/125 km.
Manteve sempre bem, firme, sendo com alguns trechos com ventos laterais.
Já em Torres/RS, aproveitei para curtir o fim de tarde, o pôr do sol, praia, para só pegar a Estrada do Mar até Tramandai/RS (90 km) já a noite.
Noite limpa, asfalto de boa qualidade, boa iluminação da motocicleta, pode se comentar que permite uma boa tocada a noite, segura. Tramandaí a Porto Alegre/RS, via Free Way, sempre na media de 100/110 km.
Final de viagem.
Impressões:
Acelera bem e rápido, sem falhas e tem ótima retomada de velocidade. O torque vigoroso deste motor 300cc foi uma das coisas que mais gostei. Faz a diferença, pois mesmo com ventos fortes laterais e frontais, ela se mantém firme, 100/110 km/h. Durante a viagem em dois momentos ouve ventos fortes, na BR 101 e na Free Way. Não existe a necessidade de ficar trocando de marchas na estrada, se estiver rodando a 80 km. Acelere e ela alcança rápido o seu limite.
Apesar de toda a carga que ela carregava, ela desenvolve bem em todas as situações, piso seco e molhado, ótima de curvas. Em um único momento em estrada plana comigo sozinho na motocicleta levei ela ao limite. Chegou nos 140 km. Leve em consideração que tenho 1,90cm e 120kg.
Barro muito cuidado, não é o tipo de terreno para o qual ela foi projetada, desliza e sai de trazeira fácil.
Ainda tem barulho de corrente, mas menor em relação a Twister 250. O painel digital tem boa leitura sempre, tanto durante o dia, como a noite, um tom alaranjado de fácil leitura. Relógio é sempre bom, na estrada nem se fala, foi uma boa terem colocado no painel. O tanque grande com capacidade de 18l, sendo 3l de reserva, alem de deixar ela mais encorpada, evita ter que parar para abastecimetos seguidamente.
Visualmente ela tem inspiração nas irmãs maiores da marca, arrojado e atual, a única pena foi não terem reavaliado a questão dos piscas e retrovisores antes de lançarem, pois as linhas da moto mereciam um formato mais arrojado nestes dois itens. Pneu 140 na trazeira deixa encorpada, brasileiro gosta.
Outra colocação é também sobre o ponto de vista de viagem. Um cavalete central faz falta. Ela carregada só no pezinho lateral pode dar problemas em algumas situações. Problema este que se resolve fácil, pois o da Twister 250 encaixa sem problemas.
Quanto ao conforto, eu não tive maiores problemas e minha garupa também não, levando em conta que era turismo, e não Iron Bud.
Considerando minha estatura e peso, tudo que levei na viagem e mais o que rodei na cidade, ela agradou. Uma moto para usar no dia a dia e pegar a estrada sem medo.
Textos e Imagens: Jerre Rocha
Revisão: Juci Schena
6 comentários:
Olá !!! Muito legal a matéria... e a viagem!Se tiver mais fotos da moto na Serra do Rio do Rastro, ficariamos muito felizes em divulgar em nossas redes!
Obrigada por divulgar nossa Serra !!!
Abraço serrano
meu amigo vc é o cara adoraria turismo deste com vc , muito legal mesmo a cada aventura sua eu me imagino lá tbmmmm...
abraços RICARDO SANTO ANDRE SP,
ah eu vou fazer uma viajem dessa tbm vai ser 2.871 km sp a ce
Jerre vc é um gato!
Marina
jerre,já li quase todas suas aventuras sobre duas rodas,e uma em especial vai ser muito útil para mim,que é da cb300r que foi muito esclarecedor,sou de caraguatatuba sp e vou em outubro à belém do pará,só eu e deus como companheiro,vai ser minha primeira viagem longa,são 3085km até a casa de meus pais,gosto de suas metérias pela seriedade, e esclarecimento,um grande abraço e boas aventuras;spbrito72@hotmail.com
Jerre,
Acabei de compra minha CB300 e gostaria de maiores informações a respeito do alforge que instalasse na sua. Se possível, peço que entre em contato por e-mail para conversarmos (seg_joao@yahoo.com.br).
Obrigado.
Postar um comentário